Comemoração dos 90 anos das bibliotecas públicas de São Paulo serve de pano de fundo para discutir desafios urgentes e propor soluções que garantam um futuro mais inclusivo e acessível à leitura.
Em 9 de junho de 2025, o Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB) esteve presente na Audiência Pública realizada pela Comissão de Administração Pública da Câmara Municipal de São Paulo, discutindo os 90 anos do Sistema Municipal de Bibliotecas. O evento teve como foco os desafios enfrentados pelas bibliotecas públicas da cidade, como a escassez de profissionais, a infraestrutura inadequada e a carência de novos concursos para bibliotecários, elementos fundamentais para o fortalecimento do setor.
Durante a audiência, o vereador Professor Toninho Vespoli (PSOL), responsável pelo requerimento da audiência, destacou as deficiências estruturais em diversas bibliotecas da capital paulista e ressaltou a necessidade de mais unidades, principalmente nas periferias da cidade, onde o acesso à cultura e à educação é mais restrito. Ele enfatizou a importância da presença de bibliotecários nas comunidades, não apenas como profissionais que gerenciam as bibliotecas, mas como agentes de transformação social, capazes de promover a leitura e estimular o envolvimento da população com os espaços culturais.
A importância das bibliotecas públicas para a cidadania
Dalgiza Andrade de Oliveira, presidente do CFB, falou sobre a relevância das bibliotecas públicas no fortalecimento da identidade cultural e no estímulo à formação crítica dos cidadãos. “As bibliotecas públicas têm um papel crucial na construção da cidadania e no empoderamento das comunidades. Elas são espaços de acesso ao conhecimento, à cultura e à informação, e devem ser valorizadas como equipamentos essenciais para o desenvolvimento social”, afirmou.
Além disso, a presidente do CFB abordou a importância de se comemorar os 90 anos do Sistema Municipal de Bibliotecas de São Paulo como uma oportunidade de refletir sobre as conquistas e as dificuldades, além de propor melhorias para que as bibliotecas se tornem mais acessíveis e efetivas na formação de leitores e na promoção do conhecimento.
Desafios estruturais e a necessidade de mais investimentos
Durante as discussões, a presidente do Conselho Regional de Biblioteconomia do Estado de São Paulo, Ana Cláudia Martins, alertou para o número insuficiente de bibliotecas na cidade. Com quase 12 milhões de habitantes, São Paulo possui apenas 119 bibliotecas, o que representa um grande desafio para atender às necessidades da população. A falta de recursos e de profissionais qualificados é outro obstáculo para o bom funcionamento do sistema, já que muitas bibliotecas operam com equipes reduzidas e infraestrutura deficiente.
Os participantes da audiência também destacaram a necessidade de mais concursos públicos para bibliotecários, uma vez que muitas vagas permanecem abertas devido à aposentadoria ou falecimento de profissionais, comprometendo a qualidade do serviço prestado à população. A situação é ainda mais crítica em áreas periféricas, onde a presença das bibliotecas é escassa e a falta de acesso à leitura é um reflexo das desigualdades sociais.
Propostas para o futuro das bibliotecas públicas
Uma das principais propostas discutidas durante a audiência foi a criação de novas unidades e a melhoria das existentes. Além disso, a implementação de bibliotecas circulantes, que possam atender diferentes bairros e regiões da cidade, foi considerada uma alternativa viável para garantir que mais pessoas tenham acesso aos serviços oferecidos pelas bibliotecas públicas.
A audiência também reforçou a importância de se investir na formação e valorização dos bibliotecários, que são fundamentais para o bom funcionamento das bibliotecas. De acordo com os participantes, é preciso promover políticas públicas que assegurem a contratação de profissionais qualificados e que garantam a continuidade dos serviços oferecidos à população.
